No cenário de fintechs brasileiras, o ano de 2026 já está marcado por uma mudança que tem causado debates dentro dos times de marketing, comunicação e liderança das startups financeiras.
A resolução conjunta do Banco Central do Brasil (BCB) e do Conselho Monetário Nacional (CMN) passou a proibir o uso das palavras “banco” e “bank” em nomes, marcas, domínios e qualquer apresentação pública de empresas que não possuem autorização formal para operar como banco.
A medida foi publicada após consulta pública e entrou em vigor na data de sua publicação, mas com prazos claros para adequação: 120 dias para apresentação do plano de mudança e até 1 ano para concluir todas as alterações necessárias. A declaração oficial do Banco Central pode ser consultada neste link.
Entre as empresas potencialmente impactadas, estão Nubank, Will Bank, PagBank e outras fintechs que utilizam o termo “bank” em suas marcas, produtos ou comunicações.
O que muda para as fintechs com a norma do BC?
A resolução impede fintechs, instituições de pagamento, corretoras e outros players que não são bancos licenciados de:
- Utilizar “banco” ou “bank” em qualquer parte da marca ou produto;
- Manter esses termos em URLs, app stores, descrições e comunicação pública;
- Criar associações que possam confundir o cliente sobre a natureza jurídica da empresa.
Ainda não há um número oficial de quantas empresas serão afetadas, mas especialistas apontam que diversas fintechs precisarão ajustar não apenas o nome principal, mas também extensões de marca, produtos e presença digital onde o termo apareça.
Para instituições que já possuem autorização plena para operar como banco, a identidade pode ser mantida, desde que a modalidade seja claramente comunicada e que o uso seja autorizado pelo BC.

O que diz o Nubank sobre a mudança?
Em nota oficial enviada ao Metrópoles, o Nubank informou que está analisando a nova regra:
“Reforçamos nosso compromisso histórico e inegociável de seguir rigorosamente toda a legislação e regulamentação vigente no país, respeitando os prazos e as determinações da autoridade monetária”, afirmou a empresa.
A fintech também destacou que:
“A norma diz respeito apenas ao nome das instituições e não aos serviços prestados e que conta com todas as licenças necessárias para oferecer os produtos atualmente disponíveis em sua plataforma.”
Esse posicionamento ajuda a esclarecer ao mercado que a exigência é formal e nominal, não operacional.
Por que a regra foi criada?
O objetivo central é evitar confusões no consumidor, diferenciando claramente bancos regulados das fintechs, corretoras, instituições de pagamento e marketplaces. Na visão do órgão regulador, termos como “banco” transmitem uma sensação de segurança, solidez e conjunto regulatório que não necessariamente se aplica a todos os modelos de fintech do mercado atual.
Prevenir a confusão do consumidor é o eixo da medida.
Na percepção do regulador, termos como “banco” transmitem atributos como solidez, supervisão e cobertura regulatória que não se aplicam a todos os modelos do ecossistema financeiro atual.
A regra surge em um contexto de acelerada expansão do setor de fintechs, aumento das ofertas digitais e introdução de novas exigências regulatórias para fortalecer o sistema financeiro brasileiro.
Quais ajustes as marcas de fintechs afetadas precisarão adotar?
Não se trata apenas de remover o termo “bank” do nome fantasia. A adequação exigirá uma revisão completa na apresentação ao público, incluindo design, narrativa, comunicação institucional, domínio de site e até descrições nas lojas de aplicativos.
Veja o que poderá ser revisado:
1. Nome fantasia e identidade principal
- Algumas empresas precisarão revisar o nome principal.
- Outras apenas produtos, slogans ou extensões que utilizam “bank”.
2. Presença digital
- Atualização de URLs, domínios e e-mails;
- Revisão de titles, meta descriptions e descrições em lojas de aplicativos;
- Ajustes em SEO e palavras-chave.
3. Materiais institucionais
- Atualização de contratos, documentos, PDFs e materiais impressos;
- Revisão de campanhas e anúncios ativos;
- Ajustes em conteúdos de redes sociais e fluxos de onboarding.
4. Discurso institucional
- Reposicionamento narrativo para evitar associação jurídica indevida;
- Clareza sobre a modalidade de operação da empresa;
- Reforço da proposta de valor sem apoio indireto no termo “bank”.
O desafio da redefinição estratégica de marca
Mudar ou adaptar uma marca do setor financeiro vai muito além do naming e de trocar o nome nos canais. Exige uma revisão do posicionamento estratégico, considerando o público, os concorrentes indiretos e as percepções associadas a cada termo.
Agora, será preciso encontrar novas palavras que reflitam as soluções e diferenciais oferecidos, sem gerar confusão com a regulamentação estabelecida.
Entre as possibilidades, vemos:
- “Plataforma financeira”
- “Conta digital”
- “Ecossistema de serviços”
- “Hub de soluções financeiras”
- “Aplicativo de gestão financeira”
O ponto central é: escolha termos que façam sentido para o cliente, para o negócio e para os órgãos reguladores, sempre explicando com clareza as entregas e responsabilidades.
Temas como adaptação de branding e mensagens consistentes para startups de tecnologia financeira podem ser melhor aprofundados na categoria branding do nosso blog e em reflexões sobre startups.
Custos e impacto da adequação regulatória
A mudança envolve esforços financeiros, operacionais e de branding. Empresas precisam ajustar:
- Domínios institucionais e de produtos;
- SEO e palavras-chave em buscadores;
- Revisão técnica das páginas institucionais;
- Materiais de divulgação e documentos oficiais;
- Anúncios e posicionamento em campanhas.
Cada etapa traz custo, seja financeiro, operacional ou de atenção da equipe. Mesmo quando a marca principal não precisa ser alterada, a adequação pode demandar dezenas de pequenas mudanças em sistemas, integrações e documentos.
Textos estratégicos sobre branding para crescimento de startups e os principais erros no processo de adaptação podem ser encontrados em estratégias de branding para startups e em sete erros comuns em branding de startups de tecnologia.
Como comunicar a transição sem gerar ruído?
Nossa experiência mostra que transições bem comunicadas reduzem impactos negativos na percepção do público. O segredo está em alinhar expectativa, esclarecer que a mudança não afeta produtos e reforçar o compromisso com a transparência.
A transição precisa ser clara, transparente e proativa, o que pode inclui:
- Publicação de comunicado oficial em site, app e e-mail;
- Criação de uma FAQ simples, direta e objetiva;
- Campanha explicativa reforçando que nada muda nos produtos;
- Reforço da proposta de valor e dohistórico da marca;
- Monitoramento constante da reação do público.
A reputação da marca não depende apenas do nome, mas da experiência entregue e da confiança construída ao longo do tempo.
Conclusão
A nova resolução do Banco Central marca um novo capítulo para as marcas do setor financeiro brasileiro.
Startups que conseguirem alinhar comunicação, branding e experiência do usuário sairão mais fortes desse processo, transmitindo confiança mesmo emmeio a mudanças impostas pelo cenário regulatório. Estratégias de adaptação e fortalecimento de posicionamento são temas que continuarão a ganhar espaço dentro das empresas de tecnologia e finanças nos próximos anos.
Perguntas frequentes
O que é o ajuste de marca exigido pelo BC?
É a revisão do nome, identidade e comunicação de instituições que utilizam “banco” ou “bank” sem licença bancária. Isso envolve atualizar domínios, materiais promocionais e mensagens institucionais, mantendo a clareza com os clientes e o mercado.
Quando a nova norma do BC entrou em vigor?
A norma entrou em vigor imediatamente após sua publicação pelo Banco Central e CMN, em 28 de Novembro de 2025. As empresas afetadas têm até 120 dias para apresentar um plano de adequação e até um ano para concluir todas as mudanças requeridas.
Como as fintechs devem se preparar?
Devem mapear todos os pontos decontato da marca com o público, revisar nomes, domínios, descrições e materiais institucionais, além de elaborar uma comunicação clara sobre a alteração. É importante criar um plano de transição que inclua campanhas educativas e treinamentos internos para lidar com dúvidas dos clientes.
Quais fintechs serão afetadas?
Qualquer fintech, instituição de pagamento ou corretora que utilize “banco” ou “bank” sem ser banco licenciado deverá se ajustar. Ainda não há número oficial divulgado pelo Banco Central.
O que muda para o cliente das fintechs?
Para o cliente, não mudam produtos, serviços nem a experiência oferecida pela fintech. A principal diferença será na apresentação visual, no nome e na forma como a empresa descreve sua atuação, já que a decisão está ligada à nomenclatura e não ao funcionamento ou à oferta de soluções.